A rodovia Transamazônica é formalmente conhecida como a BR 230, sendo uma das maiores extensões de pista do Brasil. É localizada na Região Norte do país, saindo da Paraíba no Nordeste para a chegada no coração do Amazonas. Construída no ano de 1972, em plena ditadura militar, no Governo Médici, sob a justificativa de melhor condução entre as regiões Norte e Nordeste.
Pensando numa melhor condução, a intenção de construir uma rodovia desse porte seria positiva, pois, evitaria o isolamento da região Norte com o Brasil Continental, bem como levaria o progresso com a chegada de inúmeros turistas, expansão da cultura e o livre acesso rodoviário, ora o meio mais barato de transporte em comparação ao aéreo.
Agora, pensando numa melhor fruição, podemos ter a interpretação das vantagens a ser colhida. Por si só, o ato ou efeito de fruir pode estar ligado à vantagem e a oportunidade, seja para o local, seja para o regional, seja para a população daquele Estado. Contudo, temos a hermenêutica daquilo que pode ser positivo quanto do que pode ser negativo.
Sendo assim, analisando friamente em termos progressivos, uma rodovia desse porte, pelo significado positivo, poderá trazer enorme crescimento a Região Norte, haja vista, a passagem de caminhões carregados de mercadorias de todos os tipos ensejará pujança e crescimento estrutural na construção civil, como também o aumento do consumo de alimentos e importação e exportação de produtos locais para todo o país e o mundo dentre outros ramos como, por exemplo, o turismo já supracitado.
Mas, analisando pelo aspecto negativo e em termos regressivos, a rodovia atualmente se encontra sem estrutura física em vários pontos e, para uma reconstrução necessitaria de uma aplicação monstruosa de verba e destruição do verde amazônico e seus respectivos acessórios, como por exemplo, rios, lagos, aldeias indígenas, alteração de reservas dentre outros pontos relevantes.
Nesse rumo, temos que ser racionais, ou seja, a análise deve ser profunda e elucubrativa. Sabemos que tal rodovia não apenas passa por locais e regiões, mas também por interesses válidos e inválidos, lúcidos e não lúcidos, reais e irreais, escusos e não escusos, lícitos e ilícitos e por ai vai, sempre na dualidade e ambigüidade.
Entretanto, temos que vislumbrar o que é mais necessário para o país, ou seja, o progresso estrutural material, a potência econômica e financeira que uma obra dessa envergadura pode proporcionar em termos de grandeza, um PIB mais robusto em um curto espaço de tempo ou um país equilibrado ecologicamente, com liderança global na economia verde e respeito ao Meio Ambiente, bem como possuir deferência as regras e normas internacionais sobre esses temas e aproveitarmos para angariar fundos de países potentes e recebermos verbas para investimentos na Região Norte sem ferir a natureza desvairadamente?
Creio que, dentre esse brainstorme trazido nos parágrafos anteriores, existe a Região Amazônica como uma espécie de Soft Power brasileiro, ou seja, é uma forma de poder brando que o Brasil tem para poder influenciar a comunidade internacional, mas não apenas propondo que as grandes potências injetem verba para cuidar e manter o verde brasileiro, mas, concomitantemente, mostrar ao mundo a liderança global exercida pelo gigante tupiniquim no assunto.
Enfim, vejo mais vantagens manter o verde e a liderança mundial sobre o assunto, podendo e devendo angariar fundos bilionários junto a grandes países do que progredindo em escala infinitamente menor com a prática de obras destrutivas que funcionarão internamente, mas perderá poder e respeito internacional externamente.
Dr. Edney Firmino Abrantes é Advogado, Cientista Político, Professor e Pesquisador. É Especialista, Mestre e Doutor. É autor do livro “Construção e desconstrução imagética dos políticos nas campanhas eleitorais”, dentre outros. É autor de inúmeros artigos científicos e de opinião em sites e revistas especializadas sejam físicas e ou digitais. É colunista do site Fatos Políticos.Contato: [email protected]