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QUAL O ESPECTRO POLÍTICO SOBRESSAIU NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2024?

Aproveitando o ensejo do artigo sobre as eleições municipais ocorridas em todo o território nacional e de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui atualmente 5.570 municípios espalhados geograficamente e inseridos nos 27 Estados da União formando os entes federativos constitucionais.

Com isso, recai sobre essa estrutura a realização das eleições municipais em cada cidade com a formação das chapas para a vereança e para prefeito (a) e vice. Portanto, após a montagem devida, segue a disputa ao pleito em meio ao mar de partidos políticos disponíveis aos concorrentes e seus respectivos sectários para a formação dos quadros de disputa. Esse emaranhado de siglas partidárias é norteado pelos seus estatutos que, geralmente, descrevem a sua ideologia. Neste campo de ideias político – partidária é que os partidos se encaixam em suas formas de pensar e agir bem como em consonância com o seu pertencimento espectral.

Em tese, é no espectro político que se difere o posicionamento político – ideológico de cada partido político. É uma espécie de sistema onde cada ente partidário demonstra a sua dimensão política desenhada, hodiernamente, entre esquerda, centro e direita e suas variações nada modulares, calcados concomitantemente ao seu molde estatutário.

Tais variações são expansões de cada dimensão espectral acima demonstrada, ou seja, a esquerda pode variar para o seu extremo, o centro pode variar tanto para a esquerda quanto para a direita (sendo que poderá ainda surgir partidos pêndulos que em determinado momento são de centro – esquerda e em outros passam a ser de centro – direita e assim sucessivamente, de acordo com os interesses de grupo) e a direita, pode variar também para o seu extremo.

Nesse sentido e a despeito das últimas eleições estarem polarizadas entre os pólos da esquerda e da extrema – direita no âmbito nacional, em termos municipais isso já não acontece com freqüência por conta da pulverização ideológica, da regionalização e seus interesses locais, por ser o município o sítio de proximidade e estreitamento do poder público e a sociedade municipal envolvendo políticas públicas imediatas, identidade de família com a terra dentre outras, salvo aos pleitos em grandes capitais, como, por exemplo, nos casos da cidade de São Paulo, do Rio de Janeiro e etc.

Essa complexidade partidária somada com as ideologias, as tradições de heranças familiares de transmissão de poder entre parentes na política gerando currais eleitorais, somando com as características do coronelismo, votos de cabresto, coligações e federações partidárias, voto útil, racional e emocional dentre outras variações, fazem do Brasil um verdadeiro ornitorrinco, ou seja, o país, devido ao seu tamanho colossal de termos continentais traz em seu bojo diferenças brutais entre Estados e Municípios distribuídos em regiões e locais também com traços de usos, costumes, tradições, cultura, folclore que fazem dessa distinção um grande caldeirão.

Dito isso e demonstrada a realidade estrutural da política brasileira não há como negar que a nossa polis não é para amadores, pois, o nosso impressionante pragmatismo afeta a lógica do sistema tornando-o incomum, contagiando o espectro político na mesma proporção ao ponto de vermos, por exemplo, a junção de partidos políticos com ideologias distintas ou figuras de peso nacionais se unirem em torno de interesses mútuos caminhando na mesma direção. 

Entretanto, o sistema inconstante narrado até aqui gerou o resultado eficiente para o espectro político de centro. Aqui no Brasil temos o costume de retratar esse nicho denominando-o de centrão. Este possui uma conotação de blocão que age de acordo com os seus interesses públicos e privados em detrimento dos demais espectros. Tal nicho é capaz de atos ortodoxo (mantendo uma linha de raciocínio comum entre os membros do bloco) e heterodoxo (mantendo uma linha de raciocínio incomum entre os membros do bloco fazendo milagre na junção figurada da raposa com a galinha sem se basear na respectiva fábula entre esses animais).

O centrão hodiernamente trouxe resultado espetacular. Pode ser considerada uma verdadeira quimera (monstro mitológico com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de serpente) que, embora demonstre diferenças notórias consegue aplacar vitórias com o seu pragmatismo político – eleitoral. 

Essa forma de agir é ilegal? Não, pois, na democracia a política se baseia no diálogo e no poder de convencimento dos argumentos. A troca de favores e de cargos é necessária fazer, desde que impulsionados a favor da população. O fisiologismo por si só não é válido, pois, sempre que utilizado será em detrimento daquilo que é público, portanto, gera prejuízo. A capacidade de articulação dos seus líderes gera liga entre os políticos e as siglas partidárias aglutinando forças no entorno dos interesses legítimos.

Assim se dão as formações entre os partidos políticos transformando a união entre as siglas distintas em federações de partidos, coligações partidárias em configuração de blocos de atuação no sistema político dentro do jogo (participação em conjunto no Congresso Nacional em votações relevantes, por exemplo). Assim também é possível interligar os blocos partidários nas negociações entre o Poder Executivo Federal e o Poder Legislativo Federal através do presidencialismo de coalizão nas tratativas rumo ao encontro dos interesses já supra manifestados em parágrafos anteriores.

Nesse diapasão vimos que, dentro do respeito ao arcabouço jurídico brasileiro é possível o encontro das diferenças partidárias baseadas no regime democrático e o Estado democrático de Direito. As diferentes lideranças devem dialogar em benefício da população. Foi o que aconteceu mais uma vez nas últimas eleições do ano de 2024. Mais uma vez o ornitorrinco ou se assim preferirem, a quimera (e suas diferenças anatômicas) aconteceram efetivamente e impactaram.

Verificando os instrumentos de accountability eleitorais como, por exemplo, institutos de pesquisa, veículos variados de comunicação de massa, Think Tank’s, universidades dentre outros, o centrão e a centro – direita, foram os grandes destaques nos pleitos eleitorais municipais de 2024. Esse avanço vai solidificando a força e a influência político – ideológica do pensamento dessas siglas, podendo inclusive alterar o espectro local e regional causando progressão e efetivo impacto social de construção da convicção.

Ratificando o conteúdo de raciocínio do nosso artigo vimos o crescimento estrondoso do partido político PSD que, embora seja ideologicamente de direita, atua nas três esferas do espectro em conjunto. Por exemplo, apóia o governo federal (que atualmente é de esquerda com viés de centro), apóia governos estaduais e possui vários municípios administrados pela sigla, ou seja, uma diversidade partidária unida em determinados pontos em comum, administrando juntos, como uma espécie de triunvirato romano.

Enfim, se quisermos manter cada sigla partidária de acordo com o seu pensamento político – ideológico, agindo calcado ao seu respectivo estatuto, necessário realizarmos uma reforma partidária nacional, com a real unificação em seus quadros de indivíduos com a mesma convicção (ou pelo menos semelhante), e, aproveitar o instituto de cada sigla para realizar cursos sobre política para essas pessoas interessadas e fazer a todos seguirem uma forma de pensamento tornando-os orgânicos. Além disso, obviamente, diminuir consideravelmente a quantidade de partidos políticos no Brasil, pois, muitas delas sevem apenas de segmentos de aluguel e fazer volume no sistema. 

Mas, como sou um democrata, prefiro a liberdade de pensamento e a liberdade de locomoção (de ir, vir e permanecer) proporcionando ao cidadão seguir e agir por sua própria vontade, bem como praticar a liberdade de escolha para seguir o seu caminho político desejado, claro, seguindo as sugestões do parágrafo anterior, pois, o bem deve imperar sempre.

Dr. Edney Firmino Abrantes é Advogado, Cientista Político, Professor e Pesquisador. É Especialista, Mestre e Doutor. É autor dos livros “Construção e desconstrução imagética dos políticos nas campanhas eleitorais” e “Astroturfing e o discurso político na pandemia” dentre outros. É autor de inúmeros artigos científicos e de opinião em sites e revistas especializadas sejam físicas e ou digitais. É colunista do site Fatos Políticos.

Contato: [email protected] 

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